História
Após o surto de cólera morbus, em 1833, que assolou a cidade de Lisboa, era urgente a criação de um grande cemitério, que pudesse responder à grande necessidade de um espaço digno para serem sepultadas as vítimas, tendo assim sido criado o Cemitério dos Prazeres.O nome do cemitério (dos Prazeres), é derivado do nome da quinta que antigamente ocupava a mesma área que o atual cemitério.
Por servir o lado ocidental de Lisboa, onde estavam implantados os bairros das residências aristocráticas, logo desde os seus primeiros anos, o Cemitério dos Prazeres acabou por se tornar o cemitério das famílias dominantes da cidade, que com os seus gostos e meios materiais, acabam por dar uma certa monumentalidade ao cemitério.
As construções imponentes que acabam por ocupar praticamente todo o espaço ajudam-nos a ter uma noção das ideias e gostos arquitectónicos, mas também das convicções e crenças que ficam bem evidentes na rica e variada simbologia que as ornamentam.
Aí podemos encontrar diversos símbolos de variadas interpretações, não só religiosas, mas também maçónicas, profissionais e heráldicas. Além disso, é interessante notar-se a disposição espacial das construções e a variação das formas que revestem essas mesmas construções, tornando este espaço num precioso testemunho de como se pensava a morte no decorrer do séc. XIX.
Este cemitério constitui-se assim num museu a céu aberto, que possui elementos importantes para se chegar ao conhecimento da história contemporânea de Portugal, da atitude perante a morte, da arquitectura, e da escultura portuguesa.
Algumas curiosidades
Maior mausoléu privado da Europa
Nos Prazeres existe o maior mausoléu privado da Europa: o Jazigo dos Duques de Palmela. Mandado construir em 1847, há quem lhe reconheça uma ligação à simbologia maçónica. Dentro do mausoléu está sepultada a elite dos criados e na capela, em forma de pirâmide, repousam os familiares e alguns amigos, com o duque de Palmela no centro. O jazigo tem cerca de 200 corpos e restos mortais da família e ainda dois padres amigos da família.A maior concentração de ciprestes
No Cemitério dos Prazeres pode encontrar a maior e mais antiga concentração de ciprestes da Península Ibérica. Estas árvores vão dando cor ao espaço com mais de 12 hectares, onde estão espalhados mais de 7.000 jazigos, ao mesmo tempo que delimitam as ruas por onde se pode circular.
Cripta dos Bombeiros e capela com antigas salas de autópsias
Com uma das vistas mais privilegiadas do cemitério — virada para a ponte 25 de Abril e a margem sul do Tejo — encontra-se o talhão onde estão sepultados os Bombeiros Sapadores, espaço cedido pela Câmara Municipal para esse efeito em 1911. Aí se pode ver a Cripta dos Bombeiros Sapadores, inaugurada em 1878, projetada pelo arquiteto Dias da Silva, o mesmo que fez a Praça de Touros do Campo Pequeno.É nessa capela que se pode ver as antigas salas de autópsias — onde se fizeram as primeiras autópsias fora do Instituto de Medicina Legal — e o acervo, onde se podem consultar registos antigos. É lá também que está instalado o Núcleo Museológico, com vários objetos de culto, como crucifixos, candeias e peças de cerâmica.
Ofélia Queiroz e Fernando Pessoa: juntos até depois da morte
É nos Prazeres que se encontram os restos mortais de Ofélia Queiroz, a única namorada que se conheceu a Fernando Pessoa. Curioso é que só foi descoberto depois de o próprio Fernando Pessoa ter sido trasladado dos Prazeres para os Jerónimos.De Cesariny a Cesário Verde, de António Gedeão a Vasco Santana
Atores, cantores, escritores, pintores e apresentadores de televisão. Nomes como António Gedeão, Cândida Branca Flor, Carlos Paredes, Henrique Mendes, Maluda, Mário Cesariny, Raúl Indipwo e Cesário Verde, mas também Vasco Santana, Fernando Maurício, Raul Solnado, entre muitos outros. Nos Prazeres estão sepultados, no Talhão dos Artistas, alguns dos maiores nomes da cultura portuguesa.
Estiveram também sepultados neste cemitério Aquilino Ribeiro e Amália Rodrigues, que foram entretanto trasladados para o Panteão Nacional.
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O Cemitério dos Prazeres fica localizado na parte ocidental de Lisboa, na freguesia dos Prazeres, perto do bairro de Campo de Ourique, mais precisamente, na Praça de S. João Bosco (1350-297 Lisboa).
Para quem desejar visitar este local, o cemitério encontra-se aberto todos os dias da semana, entre as 9:00 e as 17:00, sendo possível aí chegar por meio de transportes públicos, tais como os autocarros 9, 18 e 74, e os eléctricos da Carris 25 e 28. Os números de contacto são os seguintes:
Telefone – 213 961 511 / 213 979 223
Fonte. 1, 2.
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